brilho

terça-feira, junho 13, 2006 à(s) 11:58 da tarde
num chamado "golpe de vista", alguma coisa brilhou entre as folhas. uma teia frágil a reflectir os raios de sol.
uma vez, em pequena ainda, taparam-me os olhos e levaram-me ao encontro de uma teia tecida entre duas árvores. enorme, espessa.. com uma aranha gorda e peluda bem no seu centro.
acho que foi desde aí que nasceu em mim uma repulsa visceral a esses horrendos bixos. maravilhosos fiadeiros.

5 comentários

  1. Anónimo Says:

    Forte como o aço, delicada como a seda. Esta admirável obra é fruto do intenso trabalho de uma fiadeira incansável, mas por todos desprezada. Há tantas assim, e não são só aranhas...

  2. Casimiro Says:

    Porquê elogiar a capacidade de um animal em fazer uma obra de arte que tem tanto de belo como de cruel? A vida é sempre assim: quem faz teias para que os outros tropecem nelas é vanglorizado; quem tem o azar de cair nelas é sempre o parvo de toda a cena. Louvadas sejam todas as aranhas que tecem estas armadilhas para nós nos alojarmos...

  3. catavento Says:

    só para dizer... gostei da foto!

  4. Anónimo Says:

    hj amo esta foto.
    talvez porque hoje me sinto uma tiny little spider...perdido na teia que construí.

  5. catavento Says:

    "a infinita fiadeira

    (...)a aranha, aquela aranha, era tão unica: não parava de fazer teias! (...) Havia contudo um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. (...)ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
    - não faço teias por instinto.
    - então, faz porquê?
    - faço por arte.(...)
    uma aranha assim, com mania de gente? na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. pediram que ela transitasse para humna. e assim sucede: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. quando ela, já transfigurada, se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. quem era, o que fazia?
    - faço arte.
    - arte?
    e os humanos se entreolharam, intrigados. desconheciam o que fosse arte. em que consistia? até que um, mais-velho, se lembrou. que houvera um tempo, em tempos em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos - chamados obras de arte - tinham sido geneticamente transmutados em bichos. não se lembrava bem que bichos. aranhas, ao que parece."

    mia couto - o fio de missangas

    quando li este conto, um ou dois dias depois de te ter visitado aqui, foi a imagem que me chegou...a desta aranha na sua teia.

    talvez ainda nos brilhos da manhã se distingam as formas humanas.
    *

3rd look | Powered by Blogger | Entries (RSS) | Comments (RSS) | Designed by MB Web Design | Thanks to Blogger Templates | XML Coded By Cahayabiru.com