luzes

sexta-feira, julho 28, 2006 à(s) 10:30 da tarde

na música alguém falava..
o olhar perdido na mancha de luz, fixava o caminho.
por momentos esquecia se.. iria a caminho de que? de casa
era quando mais medo tinha. não de chegar, mas do próprio esforço, do percurso idêntico a sempre.
nesse dia chegou a casa por outra estrada. por ruas onde moram casas em que já viveu. onde já brincou e amou, despiu e dançou, suspirou e foi amada.

cada luz dessas memórias que passavam, brilhava mais. reflectia nos cristais ainda líquidos. há uma força que os acalma..
acordes que lembram que há tanto tempo para voltar.

sangue

quinta-feira, julho 27, 2006 à(s) 11:00 da manhã

ouço as palavras ditas naquela manhã e encolho-me de encontro ao ombro.
o pescoço rasga-se. uma linha diagonal nasce escarlate.. e chora.
não sei como, parece não doer. antes uma sensação quente de lábios que ali viveram e respiraram por momentos. protejo-me. aninho-me como que para fingir a ausência.
fecho os olhos e volto a adormecer

em cena

sábado, julho 22, 2006 à(s) 8:38 da tarde

preparo-me para entrar. calço-me e ato as fitas cor-de-rosa num laço perfeito. as collants não têm falhas e o tule tem um ar confiante. perfeito.
eu tremo.
a cortina ainda fechada deixa passar uma lâmina de luz. temo-a quando subo as escadas para ocupar o meu sítio.
à frente. ao centro. sempre foi o meu lugar. foi sempre onde a mestre me quis, para me mostrar que podia. para dar o exemplo.
a música vai entrar em breve. agito os dedos à procura da pose ideal. da postura. da altivez e segurança de bailarina que tardam naquele dia..
uma voz da boca-de-cena diz algo que nem entendo.. não olho porque a cortina abre. o espetaculo começa.
na audiência não percebi nenhum olhar em mim. apenas para trás de mim, as que seguindo o meu movimento, como o meu passado, erraram. sem serem eu.

privilege

sábado, julho 15, 2006 à(s) 12:28 da manhã


Make Yourself

para mim, o melhor dos albuns de sempre. de incubus. de todos.

cada dia que pego nele e me dedico.. parece diferente. aprendo sempre qualquer coisa mais.

incubus sempre foi a minha filosofia. nao quero saber se o Brandon Boyd é abichanado.. ou tem "vozinhas" e faz aqueles gemidos longos. nao me interessa puto saber o nome dos elementos da banda. onde é que eles andam, quando é que vêm cá, se é que vêm. fds.. não gosto de ser fã. gosto da musica deles. gosto muito.

este album é, como alguns outros, nao muitos, uma pequena (grande) parte de mim. mensagens tão simples. sem grandes construções. tão that's it .. quando venho lixada da vida é nele que pego, é com ele que grito, que ponho aos berros de vidros abertos.. naqueles momentos em que quero fazer sentido.

letras como as de "consequence", "pardon me", "make yourself", "when it comes", "the warmth", "out from under".. sei lá.. todas fazem sentido. fazem-me sentir mais eu. dão-me garra, fazem-me acreditar, olhar as coisas como elas são. "stellar" faz sonhar.. faz pensar. faz querer.

Isn´t it strange that a gift could be an enemy?

Isn´t it weird that a privilege could feel like a chore?

Maybe it´s me but this line isn´t going anywhere,

maybe if we looked hard enough,

we could find a backdoor (find yourself a backdoor)..

I see you in line, dragging your feet

you have my sympathy.

The day you were born, you were born free. That is your privilege.

make yourself - 'privilege"

..if the wind blew me in the right direction, would i even care? i would.

aqui ao lado

segunda-feira, julho 03, 2006 à(s) 3:00 da manhã

há dias em que preciso de ti aceso.
às vezes alguém te apaga ao amanhecer, alguém que há-de pensar o que saberás tu a mais que ela. nesses dias adormeço sob a tua luz de chama.. porque perdi a minha. as lágrimas fizeram-na sombra. quantas vezes.
deixei a música a tocar. hoje preciso mais que o teu silêncio.
vejo o meu perfil esbatido na janela. vou deixar-te aceso.
és-me mais que lágrimas.

encontro

domingo, julho 02, 2006 à(s) 3:23 da manhã
o mar não é azul, é verde.
porque com o cinzento das nuvens fica escuro e sério. porque com o sol fica claro e translúcido. porque é mais verdadeiro que azul. mais esperança e mais conforto.
porque se revolta e fica turvo, envolto nos restos perdidos das conchas do fundo.
e é verde porque azul é o céu. e nunca quis ser céu na existência de si.
a noite é escura. pela falta do sol. não. porque tem a sua luz e o seu sol, que ocultos a fazem brilhar.
o escuro transmite-se. a presença de algo, mais que a ausência de luz, transforma o meio. o vermelho é mais sedutor, os sons mais penetrantes, as ideias são mais puras e mais valentes no escuro da noite. daí nasce o orgulho do seu lustro.

o mar perde o verde na noite. as ondas sossegam e enchem-se de reflexos..
encontram-se numa linha que o espectro não distingue.
quem confiou ao sol, que dá a cor aos elementos, que deixe que a noite os roube assim..
sem receio?

3rd look | Powered by Blogger | Entries (RSS) | Comments (RSS) | Designed by MB Web Design | Thanks to Blogger Templates | XML Coded By Cahayabiru.com